"A prefeitura de Bibbiena lava as mãos em relação a Gaza: uma paz "inofensiva" que trai a dignidade institucional."

Arezzo, 1º de agosto de 2025 – "A prefeitura de Bibbiena lava as mãos em relação a Gaza: uma paz "inofensiva" que trai a dignidade institucional."
A maioria rejeita a moção da Lista Comunitária. Silvia Rossi: "Gaza é um genocídio, não um conflito genérico. Isso não é neutralidade; é covardia política e demagogia social."
A Câmara Municipal de Bibbiena deliberadamente não conseguiu fundamentar seu "apoio à paz". Na noite passada, a moção apresentada pela Lista Comunitária para um compromisso concreto com um cessar-fogo em Gaza e o reconhecimento simbólico do Estado da Palestina foi aprovada apenas por maioria, mas em uma versão completamente desprovida de qualquer significado. A minoria se recusou a aceitar emendas que eliminavam todos os pedidos específicos: do reconhecimento simbólico do Estado da Palestina ao envio de uma comunicação formal ao governo italiano, passando pela simples exibição temporária da bandeira palestina na Prefeitura.
"Após um mês de silêncio e um adiamento especioso do debate, esperávamos uma posição séria da maioria, não tentativas de minar nossa moção com emendas negativas", declarou a líder do grupo, Silvia Rossi. "De toda a moção, restava apenas o ponto 'mais brando' e inócuo: 'Expressar formalmente a condenação de todas as formas de violência que afetaram a população civil, particularmente na Faixa de Gaza, e exigir um cessar-fogo imediato, a proteção dos civis e o respeito ao direito humanitário'. Afirmar o óbvio sem tomar medidas concretas não é política; é um exercício estéril de boas intenções sem consequências. Esta votação reduz o papel do Conselho a um show de belas palavras, ignorando a tragédia específica de Gaza, que não é uma 'guerra' como qualquer outra, mas um genocídio planejado, como denunciado por organizações internacionais e pelo Procurador do Tribunal Penal Internacional. Colocar tudo no mesmo saco é um populismo inaceitável que ofende as vítimas."
A discussão foi acalorada e, por vezes, surreal. A maioria insistiu que "não cabe à jurisdição de um município reconhecer um estado", negando não apenas o valor do gesto simbólico, mas também o dever das instituições locais de pressionar o governo central em questões que desafiam a consciência e a dignidade humanas. "Fomos acusados de 'explorar politicamente uma agenda populista'", continuou Rossi. "Mas a verdadeira exploração vem daqueles que reduzem o debate a meras questões de jurisdição, recusando-se a expressar sua opinião sobre qualquer coisa que ultrapasse os limites municipais, exceto, é claro, quando há um resultado político favorável. Como se a neutralidade fosse uma forma de responsabilidade, e não uma forma de covardia política."
A polêmica se intensifica em torno da atitude do prefeito, que até poucos dias atrás evitava cuidadosamente se posicionar sobre Gaza por meio de canais institucionais, especialmente no Conselho. "É desconcertante e ofensivo que o prefeito, poucas horas antes de uma votação tão delicada, tenha repentinamente 'descoberto' sua sensibilidade à questão de Gaza em suas redes sociais", esbraveja Rossi. Momento suspeito, quase um 'se cobrir' para evitar a erosão do consenso, com postagens autorreferenciais com fotos pessoais de viagens ou reuniões, em vez de compromisso político sério. Mas política não se faz nas redes sociais! Não se faz postando fotos de férias ou reuniões privadas e fazendo-as passar por engajamento cívico, especialmente quando dezenas de milhares de mortes e crimes contra a humanidade estão envolvidos. Política se faz dentro de instituições, onde posições claras são tomadas e decisões que têm um impacto real na comunidade e nos valores que representamos. Usar as mídias sociais como vitrine para uma tentativa vã de evitar "desagradar" alguém, em vez de usar os lugares onde a política realmente acontece, é uma atitude transparente de pura demagogia e desacredita o próprio papel da Câmara Municipal.
"Mas, por outro lado, fomos acusados de querer 'nos meter em política'. Sim, é exatamente para isso que somos chamados!", reitera Silvia Rossi, com veemência. "A Câmara Municipal é o lugar da política, onde se tomam posições, se exerce a voz coletiva e se dão sentido público às decisões. Quem pensa que a política é mera administração técnica, ou pior ainda, uma vitrine para se chegar a consensos com declarações inócuas, provavelmente perdeu o sentido do seu mandato."
É francamente paradoxal invocar o princípio da autodeterminação dos povos, como alguns vereadores fizeram na Câmara, e ao mesmo tempo negar o reconhecimento do Estado palestino. "Os dois são lógica e historicamente incompatíveis", enfatiza o líder do grupo. "Sem um Estado, sem instituições, sem reconhecimento, o direito à autodeterminação permanece apenas uma fórmula vazia. Os últimos genocídios da nossa era — dos yazidis aos curdos — mostram-nos o que acontece quando as pessoas são deixadas sozinhas para invocar direitos que nenhuma instituição reconhece. Gaza, hoje, é o símbolo dramático dessa contradição: um povo bombardeado, isolado e abandonado à violência, enquanto as instituições se entrincheiram por trás da recusa de responsabilidade política."
No entanto, registramos com respeito e atenção a abstenção do Presidente da Câmara Municipal. "Um gesto que, apesar de sua discrição, interpretamos como um tímido, mas perceptível, sinal de discordância em relação à posição expressa por sua maioria", conclui Rossi. "E, nesse sentido, o consideramos um ato de dignidade institucional."
De nossa parte, reiteramos veementemente que um "apoio à paz" genérico, desacompanhado de ações concretas – mesmo simbólicas – é apenas uma maneira barata de causar boa impressão. É com ações, não com clichês, que as intenções se demonstram. Se abandonarmos qualquer posição, também abandonaremos o significado da ação política. Nosso apelo ao Prefeito e à Câmara Municipal continua sendo para que assumam plenamente a responsabilidade de fazer escolhas, mesmo as difíceis, mesmo as desconfortáveis. Silêncio e neutralidade não constroem a paz. São apenas o luxo daqueles que podem se dar ao luxo de não escolher.
La Nazione